A nefrolitíase, mais conhecida como cálculos renais ou “pedras nos rins”, é uma das condições mais comuns que afetam os rins e as vias urinárias. E, sim, ela pode acontecer com qualquer pessoa. Estudos mostram que uma boa parte da população terá, em algum momento da vida, pelo menos um episódio de pedras nos rins, mesmo que passe despercebido. Às vezes, é apenas uma dor nas costas que vai embora rapidamente, mas, em outros casos, pode evoluir para quadros graves e até mesmo ameaçar a função dos rins.

De casos silenciosos a emergências médicas
Os cálculos renais podem variar muito em gravidade. Em alguns casos, o paciente pode expelir um pequeno cristal sem nem perceber. Em outros, a pedra cresce, obstrui o rim e causa dores intensas, infecções graves ou até perda permanente da função renal. O mais perigoso é que, muitas vezes, as pedras nos rins são silenciosas. Um cálculo pode estar ali, bloqueando parte do sistema urinário, sem causar sintomas evidentes, enquanto o rim vai perdendo sua função aos poucos, sem aviso prévio. Quando o problema é finalmente diagnosticado, pode ser tarde demais para reverter os danos e o paciente pode acabar precisando de diálise ou transplante de rim.
Por isso, é essencial estar atento aos sinais do corpo e fazer check-ups regulares, principalmente se você já teve cálculos renais ou tem fatores de risco conhecidos.

Como se formam as pedras nos rins?
A formação dos cálculos renais é um processo complexo que começa na urina, uma solução composta por água e várias substâncias como sódio, cálcio, potássio, ácido úrico, oxalato e citrato. Enquanto alguns desses componentes ajudam a dissolver os cristais (são chamados de antiagregantes), outros favorecem a formação das pedras (pró-agregantes).
Quando há um desequilíbrio — seja por excesso de substâncias pró-agregantes ou por falta de água suficiente para diluí-las — cristais começam a se formar. Esses cristais podem se agrupar e aderir ao sistema coletor do rim, crescendo com o tempo.
Se o cálculo for pequeno, ele pode ser eliminado naturalmente. No entanto, pedras maiores podem obstruir o ureter (o canal que leva a urina do rim à bexiga), causando a famosa e dolorosa cólica renal. Tenho certeza que você conhece alguém que já teve isso. Essa dor, geralmente sentida na região lombar e que pode irradiar para o abdome ou os órgãos genitais, é tão intensa que frequentemente vem acompanhada de náuseas e vômitos.
Por que algumas pessoas formam cálculos?
Existem diversas causas para a formação de cálculos renais. Alguns fatores são relacionados a hábitos de vida, enquanto outros têm origem em doenças metabólicas ou condições específicas.
Entre os fatores de risco, podemos destacar:
• Hidratação inadequada: Beber pouca água aumenta a concentração de substâncias na urina o que favorece elas se juntarem e formarem pedras.
• Alimentação desequilibrada: Excesso de sal, proteínas de origem animal, como carnes, ou alimentos ricos em oxalato (como espinafre e chocolate) pode contribuir.
• Obesidade e sedentarismo: Estão associados a distúrbios metabólicos que favorecem os cálculos.
• Doenças metabólicas: Hipercalciúria (excesso de cálcio na urina), hiperuricosúria (excesso de ácido úrico), cistinúria e baixa excreção de citrato são causas comuns.
• Infecções urinárias recorrentes: Podem formar cálculos de estruvita, uma verdadeira pedreira no rim.
• Cirurgia bariátrica e doenças intestinais: Alteram a absorção de nutrientes e podem aumentar o risco de pedras.
Diagnóstico e tratamento
Se você já teve cálculos renais, é importante entender que o risco de um novo episódio é consideravelmente maior. O diagnóstico precoce, feito por exames de imagem (como ultrassom ou tomografia) e análise da urina, é fundamental para identificar o tipo de cálculo e as possíveis causas.
O tratamento pode ser dividido em duas etapas:
- Crises agudas: Para cálculos pequenos, o tratamento inclui analgésicos, hidratação e medicamentos que ajudam a relaxar o ureter, facilitando a eliminação da pedra. Cálculos maiores podem exigir intervenções como litotripsia (fragmentação das pedras com ondas de choque), nefrolitotomia percutânea (remoção cirúrgica por pequenos cortes na pele) ou procedimentos endoscópicos, através do canal da uretra.
- Prevenção a longo prazo: Para evitar a formação de novos cálculos, o nefrologista investiga possíveis causas metabólicas e orienta mudanças no estilo de vida, como beber mais água, ajustar a dieta e, em alguns casos, usar medicamentos.
Nefrolitíase: uma doença multifatorial
Hoje, entendemos que a nefrolitíase não é apenas um problema localizado nos rins, mas uma doença sistêmica. Ela pode ser causada ou agravada por condições como diabetes, resistência à insulina, inflamações crônicas e outros distúrbios metabólicos.
A boa notícia é que muitas dessas causas podem ser controladas com hábitos de vida saudáveis e acompanhamento médico regular. Beber bastante água, adotar uma alimentação equilibrada, manter um peso saudável e realizar exames periódicos são passos simples que fazem toda a diferença na prevenção.
Quando procurar um nefrologista?
Se você já teve cálculos renais, tem histórico familiar ou apresenta sintomas como dor lombar frequente, sangue na urina ou infecções urinárias de repetição, procure um nefrologista. Esse especialista é o mais indicado para identificar as causas e prevenir danos maiores aos rins.
Os cálculos renais podem parecer um problema pequeno à primeira vista, mas acredite: eles podem causar grandes complicações. Cuide bem dos seus rins e da sua saúde como um todo. Afinal, prevenir é sempre o melhor remédio!